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Tijoleiros
Ariel Subira | Rosário (ARG)A vidas dos trabalhadores argentinos, tijolo por tijolo.
Nos arredores de Rosário, cidade do interior da Argentina, às margens do Canal Ibarlucea e da Rota 34, existe uma área onde a produção de tijolos é diária.
Nos fundos das casas ou em maior escala de produção, mantêm o mesmo processo. São feitos à mão e com recursos básicos, sem grandes máquinas, tudo feito dia a dia, tijolo a tijolo.
O ofício de oleiro, que em sua grande maioria foi aprendido por herança ou necessidade, é a atividade que exerciam em sua terra. Chegaram há muito tempo, quando o Estado provincial do Chaco os convidou a ir em busca de uma nova vida em outro lugar.
Ali falta tudo: todas as necessidades básicas, como água potável, esgoto, posto de saúde, educação. Seus terrenos, adquiridos do município a baixo custo, hoje são reivindicados por uma empresa dedicada à construção de bairros privados.
Vivem onde o Estado municipal sacia sua sede de culpa enviando semanalmente um caminhão de água potável. Desde que não chova, pois se chover três dias seguidos o canal inunda e a área fica submersa.
Com um processo de elaboração de verdadeiros artesãos, sempre à deriva do clima, um bom dia de sol é essencial e garante o dia de trabalho. A necessidade e a forma de fazê-lo significam que, para sustentar a produção, as crianças e os adolescentes são envolvidos juntamente com os adultos. Como Leo e o Urso, dois irmãos adolescentes, de quatorze e dezesseis anos, que apesar da idade trabalham ao lado do pai como verdadeiros adultos. Ou Diego, que vai trabalhar todos os dias para sustentar a filha de um ano. Mesmo assim, não param de apostar no trabalho de cada dia.