REPORTAGENS VISUAIS#MEIO AMBIENTE
O Zé e a lagoa
Ariel Subira | Barra da Tijuca (RJ)Ele tira 30 toneladas mensais de lixo da Lagoa Marapendi na Barra da Tijuca.
“O pior lixo, não é o lixo. O pior lixo é quem joga esse lixo”, assim é como José Cavalcante, 45 anos, mais conhecido como Zé da Rádio pelas regiões das lagoas da barra da Tijuca, descreve as pessoas que contribuem jogando lixo nas lagoas da região.
O locutor de rádio pernambucano, amante da natureza, mora há 27 anos no Rio. Cinco anos atrás ele decidiu ir morar na lagoa Jacarepaguá para limpá-la. Mora com sua família, sua esposa Barbara, de 20 anos, e seus dois filhos, de três e cinco anos, dois cachorros, 10 galinhas e um galo da Índia. A precária casa fica às margens da lagoa Jacarepaguá, na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro.
Com seu barco sai para percorrer a lagoa na procura do lixo preso nas margens. Num percurso de duas horas, feitos pela manhã e à tarde, ele consegue tirar 30 toneladas/mês de diferentes materiais recicláveis. São garrafas pet, cadeiras e brinquedos de plástico. E outros nem tão recicláveis como sofá, colchão, TV de tubo ou seringas.
O Voz das Lagoas, um projeto criado no Facebook com um milhão de visualização por mês, tocado com a ajuda de sua mulher (que grava os vídeos), ele mostra a situação de poluição que se encontra a lagoa. Chama a atenção da população e pede financiamento para sua atividade de limpeza e reflorestamento da lagoa, onde até agora, já conseguiu plantar 109 mil pés de Rhizophora, uma planta das margens do mangue e que servem como elemento filtrador.
A lagoa Jacarepaguá também teve promessas de despoluição, como a Baía da Guanabara, principalmente durante os preparativos para os Jogos Olímpicos Rio2016. Mas nada foi feito até agora. Com afluência de diferentes rios da região que passam por comunidades, e que chegam altamente contaminados na lagoa, a região também sofre com o aporte de esgoto não tratados de alguns condomínios da Barra.
Algumas vezes Tilápias mortas são vista boiando na lagoa e uma superpopulação de gigoga (elemento filtrador que se alimenta de matéria orgânica) provoca abafamento do oxigênio da água, tornando a água em um líquido espesso e verde. "De noite ardem os olhos e o nariz, tem cheiro de ovo podre", conta Zé.